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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O Detector de Passageiros Suspeitos

Essa semana, em meio a uma conversa com colegas sobre nossa pesquisa, lembrei-me de uma história que fazia parte do repertório de "causos" dos meus saudosos tempos de graduação, em Campina Grande, PB. Era mais ou menos assim:

Um de nossos professores pegou um taxi e, conversa vai, conversa vem, o taxista comentou sobre a onda de assaltos a taxis que estava acontecendo na época, e a preocupação que isso estava causando a todos os seus colegas... Nesse momento, o professor se identificou, mencionando todos os seus títulos acadêmicos, e disse que imaginava uma solução para esse problema:
Imagine uma caixinha - um aparelho eletrônico microprocessado - instalado aqui, no painel do seu taxi. Essa caixinha teria dois LED's: um vermelho, outro verde. Ao aproximar-se de um possível passageiro, se o LED verde acender, pode encostar sem medo, porque o passageiro não é suspeito, e não oferece risco, mas se o LED vermelho acender, isso indicaria que o passageiro é suspeito, possivelmente um assaltante, e aí o senhor simplesmente segue em frente, e não cai em sua armadilha.
O taxista ficou maravilhado!!! - aquilo era fantástico! - a solução definitiva para todos os problemas de assaltos!

Conversaram animadamente sobre as possibilidades desse aparelho e, quando deixou o professor em seu destino, dirigiu-se imediatamente para o sindicato dos taxistas, onde contou toda a história, e convenceu seus colegas sobre a importância de bancar o desenvolvimento desse aparelho.

Após quatro anos bancando o projeto, diversos papers sobre o assunto foram publicados, alguns deles em congressos internacionais... mas não havia sequer um protótipo, com um funcionamento aproximado àquele descrito na primeira conversa. Irritado, e pressionado por seus colegas, o taxista procurou o professor para uma conversa definitiva. Foi quando ouviu a seguinte explicação:
Amigo, acho que o senhor não compreende o que significa uma pesquisa acadêmica... Quando conversamos, eu lhe apresentei uma ideia de algo que solucionaria o seu problema - e o senhor mesmo concordou que a ideia era boa, e que valia a pena investir nela - mas eu nunca disse que eu já sabia como fabricar tal aparelho, nem mesmo se chegaríamos a tal resultado, algum dia.
Sem argumentos, o taxista voltou à sede do sindicato, e tentou explicar isso aos seus colegas.

Não sabemos o que aconteceu a partir daí... imagino apenas que aqueles taxistas compreenderam o que significa uma pesquisa acadêmica (pelo menos, uma parte delas)...

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